terça-feira, 9 de agosto de 2011

A crónica do "nosso" Cortesão agora aqui todas as semanas no "Farpas Blogue"!




Bolos de anos

Este costume teve origem nas oferendas feitas aos deuses da Antiguidade.
Celebrar uma data importante com direito a guloseimas tem sua provável origem nas festas de culto aos deuses da Antiguidade.
Temos que agradecer à deusa Ártemis, celebrada pelos gregos como a matrona da fertilidade, pelo aparecimento do bolo de aniversário.
Há especialistas que defendem outra teoria. Segundo ela, a tradição surgiu na Alemanha medieval, onde se costumava preparar uma massa de pão doce no formato do menino Jesus no Natal. Depois essa guloseima seria adaptada para a comemoração do aniversário de crianças.
Já o uso de velas teria sido herdado do culto aos deuses antigos, tendo o fogo destas a missão de levar, por meio da fumaça, os desejos e as preces dos fiéis até o céu, para que eles fossem atendidos.
Nos dias de hoje ninguém aprecia verdadeiramente comer os "bolos de anos", eles aparecem depois de uma refeição melhorada e normalmente apresentam-se vulgaríssimos produtos de pastelaria de capa branca ou mais ou menos colorida, com bonecos mais ou menos idiotas e uns dizeres banais, do tipo: Parabéns ou Feliz Aniversário.
No fim das festas de anos vêem-se sempre os pratos abandonados, com fatias intocadas, com meia fatia, um quarto, um quinto, etc., e a estas variantes temos que juntar aqueles convidados que se enchem de coragem e dizem: "Não quero, muito obrigado".
Há ainda o caso dos que aceitam a famigerada fatia e a compartem com as mulheres ou com os filhos e os mentirositos que depois de mamarem mousse de manga, gelado e pudim à tromba estendida, dizem: "Gostava mas não posso por causa dos diabetes".
Resumindo, ninguém é contra os "bolos de anos" mas ninguém é apaixonado por eles.
Com todas estas variantes atrás citadas faço agora um certo paralelismo com o mundo do toiro.
Há de facto toureiros que são como os bolos de anos, ninguém desgosta deles sobremaneira, mas também ninguém gosta deles à séria e poucos os repudiam.
Com as empresas passa-se o mesmo, há as que montam cartéis vulgares que o pessoal papa sem entusiasmo e as que o fazem de modo a entusiasmar os aficionados.
A essência da vulgaridade está na falta de sabores diferentes,  "esquisitos" como dizem os espanhóis.
Quem não sabe fazer nada de original, caso seja artista, deve ser incluído no número das pessoas vulgares, que a partir de hoje para mim, passam a ser denominadas "bolos de anos".
"Na vida cumpre ser herói ou santo. No termo médio não está a sabedoria mas sim a vulgaridade" - disse Oswald Spengler.
"A essência da vulgaridade está na falta de sensibilidade" - disse John Ruskin.
A imaginação é mais importante que o conhecimento seja ele artístico ou letrado, se não fosse assim António Aleixo não tinha sido quem foi.
Os artistas "bolos de anos" existem, mas era importante que se tornassem apetecíveis.
As empresas que montam cartéis vulgares, sem imaginação, empresas "bolos de anos", deviam arrepiar caminho,  para seu próprio bem e para bem dos aficionados e da Festa.