quarta-feira, 18 de julho de 2012

Carta a João Salgueiro

Fernando de Andrade Salgueiro, o Dr. Fernando Salgueiro com o bisneto ao colo
(o actual cavaleiro João Salgueiro da Costa) e João Salgueiro
Um brinde (que podia ser à corrida de amanhã em Lisboa), início dos anos 90,
no "Velho Páteo de Sant'Ana", em Lisboa: João Salgueiro, João Duarte,
a actriz Vera Mónica, o "nosso" guitarrista Manuel Cardoso
e, em pé, Miguel Alvarenga e Gonçalo da Câmara Pereira
Antes de uma corrida em Almeirim, início dos anos 90:
Ferreira Paulo "Cachapim", Luis Domecq, João Salgueiro e Miguel Alvarenga.
Em baixo, à esquerda, nos tempos em que "Cachapim" apoderou Salgueiro



Miguel Alvarenga - É grande, longa e bem sólida a nossa Amizade, Joãozinho Salgueiro. Nunca teve, como muitas amizades têm, altos e baixos - porque foi sempre marcada por altos. Tão "altos" que me enervei "até à medula" e estive uns meses sem te ver daquela vez (credo, João!) em que tiveste um ataque de loucura (igual a tantos...) e saltaste do cavalo do Campo Pequeno, estilo "vou-me matar" - e safaste-te por milagre. Mas os génios têm dessas coisas, João...
Acompanhei-te desde a primeira hora - a primeira hora mesmo. Ainda há dias me disseste que ainda guardas o isqueiro "Zippo" que te ofereci no dia da tua primeira corrida "a sério" em Vila Franca de Xira, com o saudoso tio Camacho (quantas histórias, Deus meu!), como ainda está na parede de casa de teus Avós, em Almeirim, aquela foto que te tirei a rezas no quarto da Residencial "Flora", a preto e branco, antes de irmos para a praça e de que tanto gostava tua Avó Maria Manuela.
Guardo para sempre na memória aquelas tardes em Almeirim com teu Avô Fernando, os jantares e o charme eterno de teu Pai. Lembras-te no Campo Pequeno quando o meu amigo Vasquinho não se conteve e caíu pelas bancadas abaixo, em cima de uns americanos, coitados, aquando de um daqueles teus ferros "do outro mundo" com o "Isco"?
As pessoas não sabem, nem têm que saber, que para além do crítico e do toureiro, entre nós existe uma cumplicidade grande, por muitas e tantas coisas que vivemos juntos. Pelo que rimos juntos. Pelo que congeminámos juntos. Ainda no outro dia me dizias que daqui a uns anos haveríamos de contar muitos dos "segredos" que guardamos e partilhámos juntos.
Por essas e por outras, João, venho hoje aqui deixar-te um abraço. Para amanhã no Campo Pequeno. Para todos os amanhãs que se seguirem. Os aficionados aguardam com expectativa o teu regresso a Lisboa e o teu regresso à temporada, depois de teres provado em Angra que não falaste "por acaso" quando, outra de génio, te entrevistaste a ti próprio.
Força para a noite de amanhã!

Fotos D.R.