Avesso a protagonismos, o Dr. Luis Silveira Botelho preferiu não ser fotografado. O "big boss" da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) falou ao "Farpas" da entrada em funções, muito em breve, dos novos directores de corrida e da forma como se procedeu - e ainda se procede - à respectiva avaliação e eleição dos que forem considerados "aptos" a assumir funções. Uma entrevista exclusiva para ler já a seguir.
Entrevista de Miguel Alvarenga
- Concretamente e por que a informação
disponibilizada sobre o assunto foi mínima ou quase nenhuma, qual o critério
com que foram escolhidos os candidatos a novos directores de corrida e quantos
foram seleccionados?
- Este processo tem três fases, conforme
publicamente anunciado. A primeira fase consistiu numa prova escrita, a segunda
numa entrevista pelos membros da comissão de avaliação de candidaturas e
estamos agora na fase decisiva que é o acompanhamento por parte daqueles que
chegaram à última fase, de espectáculos tauromáquicos, sob a supervisão dos
directores de corrida em funções que também farão a sua avaliação
comportamental que, naturalmente, é fundamental numa função desta
responsabilidade.
- Desde o início da presente temporada,
assistimos à presença de alguns desses candidatos junto dos directores de
corrida, procedendo, ao que se sabe, ao denominado "estágio". Como se
desenrola agora o apuramento dos novos directores e quando entram em funcionamento?
- Tal como nas outras fases, os
candidatos serão objecto de avaliação, mediante avaliação dos directores de
corrida que os acompanham. A responsabilidade da função em causa exige que
apenas entrem em funções os candidatos que preencham os requisitos para integrar
a bolsa de delegados técnicos tauromáquicos. Aguarda-se que em breve existam já
candidatos que preencham os requisitos necessários para assegurar a função.
- A aficion "recebeu" com
algumas reservas o facto de alguns dos candidatos não serem pessoas com prática
do toureio e alguns serem até desconhecidos no meio, ao contrário dos
anteriores directores de corrida, na maioria ex-bandarilheiros, alguns
ex-matadores de toiros e actualmente todos ex-forcados. Quer comentar?
- O mais importante para a comissão de
avaliação é assegurar um processo absolutamente transparente em que todos os
candidatos, independentemente das actividades profissionais, ligadas ou não à
tauromaquia, tenham um perfil de independência, isenção e equidistância. É isto
que se exige numa função desta responsabilidade em que os delegados são
investidos de poderes de autoridade. A igualdade de tratamento foi garantida a
todos os candidatos e todos merecem o nosso respeito, independentemente da
actividade profissional que exerçam ou já tenham exercido. A avaliação não teve
por base a profissão, categoria, ex-categoria ou tipo de licenciatura, mas
única e exclusivamente os conhecimentos técnicos, a postura, a atitude e, acima
de tudo, a garantia possível do espectáculo sair dignificado.
- Neste momento existem apenas cinco
directores de corrida em actividade, todos eles antigos forcados, o que torna
urgente que entrem novos em funções. Quando ocorrerá essa estreia?
- Esperamos que ocorra o mais brevemente
possível, sendo que é fundamental que os candidatos que vierem a ser
seleccionados reúnam condições indispensáveis para integrarem a bolsa de
delegados técnicos tauromáquicos. À medida que as avaliações forem sendo
produzidas, far-se-á a ponderação daqueles que possam estar já em condições de
assumir a função e de outros que, porventura, necessitem ainda de acompanhar
mais espectáculos para aprimorar aspectos considerados fundamentais para o
exercício desta responsabilidade.
- Há quem defenda que o espectáculo
tauromáquico deveria estar, como aconteceu em Espanha, sob a alçada do Ministério da Administração
Interna e não da Cultura. O que opina?
- São opções políticas, exclusivamente
da competência dos Governos em funções. Em Espanha, o MC espanhol passou a
assumir a competência tutelar sobre as actividades taurinas que anteriormente
correspondiam ao Ministro do Interior, sendo salvaguardadas algumas
especificidades que decorrem dos enquadramentos autonómicos existentes em
Espanha.
- Quais são, em termos gerais, as
maiores infracções cometidas no decorrer dos espetáculos tauromáquicos em
Portugal e como são penalizadas?
- Há infracções da mais variada ordem,
sendo sancionadas de acordo com o quadro que está previsto no regulamento do
espectáculo tauromáquico em vigor.
Foto D.R.