terça-feira, 20 de agosto de 2013

Feira da Moita: não se pode agradar a gregos e troianos...



Miguel Alvarenga - Acabam de ser apresentados os quatro cartéis que compõem a próxima Feira Taurina da Moita - ainda e sempre o ciclo mais importante da temporada nacional.
A empresa "Campo e Praça", de António Manuel Barata Gomes (na foto ao lado com o cavaleiro Vitor Ribeiro) e Albino Caçoete, montou um cuidado e bem rematado certame em que fica patente (não é uma crítica, mas apenas uma constatação) os condicionalismos que advêm da assinatura das famosas "exclusivas" com cinco cavaleiros, os quais estão, como é óbvio e aceitável, todos eles presentes na Feira. Por aí se compreende - e se aceita - que António Ribeiro Telles e Vitor Ribeiro estejam ambos em dois cartéis - bastava estarem num, mas há números de corridas a cumprir e há a necessidade de os colocar, a fim de assumir por inteiro o que ficou assinado nas respectivas "exclusivas".
Isso obriga, obviamente, também, à ausência de alguns toureiros - que deviam e mereciam estar na Feira da Moita e cuja presença, pode mesmo dizer-se, se impunha.
Desde sempre, a Feira Taurina da Moita constituiu uma espécie de corolário da temporada em que se incluiam os grandes triunfadores de cada época. Nesta edição de 2013 faltam alguns nomes que deviam integrar os elencos, nomeadamente o Maestro Joaquim Bastinhas (que além de cumprir este ano o 30º aniversário da sua alternativa, tem estado a viver uma época triunfal) e dois dos jovens que se estão a bater com João Ribeiro Telles pelo trono de Triunfador da Temporada, respectivamente João Moura Caetano e Marcos Bastinhas. Mas nunca se pode agradar a gregos e a troianos. E há que concluir que, apesar de tudo isto, a Feira da Moita está bem montada.
Telles, Fernandes e Ribeiro na primeira corrida - é um cartel de competição e apesar de já visto, não deixa de constituir motivo de interesse para o público em geral e para os aficionados.
Maestro Mendes, "El Fandi" e António João Ferreira na segunda corrida - o Maestro Vitor Mendes é, ainda e sempre, a primeira figura do nosso toureio a pé; "El Fandi" é um dos grandes de Espanha; e o jovem António J. Ferreira, apesar de pouco ter toureado, merece ser incluído, quanto mais não seja pelo facto de há dois anos se ter disposto a vir à Moita substituir o espanhol Curro Díaz, que recusou actuar em cima da hora. Falta o matador da Moita, "Parrita"... mas a corrida não se justificava com quatro matadores...
Salgueiro, Ventura e Telles na terceira - é, porventura, um dos mais atractivos cartéis da temporada. Salgueiro e Ventura reencontram-se após dois anos de candeias às avessas e Telles está na sua melhor temporada, não vai ser, certamente, um mero espectador (antes pelo contrário) do "duelo" entre os dois primeiros.
A corrida do Fogareiro na sexta - é um cartel diversificado. Repete A. Telles e Ribeiro porque tem mesmo que repetir. De resto, inclui Sónia Matias (que está no seu melhor momento), Gilberto Filipe (que é um toureiro válido e que pode sempre surpreender, como recentemente aconteceu no Campo Pequeno), Tomás Pinto (um novo valor) e Jacobo Botero (o colombiano que tem dado que falar e cuja presença na Moita se justifica em pleno).
Em suma e apesar de algumas notadas ausências, como sempre acontece, há que concluir que a Feira da Moita tem atractivos de sobra para levar aficionados às bancadas da bonita praça "Daniel do Nascimento". A empresa "Campo e Praça" fez o seu melhor - e fê-lo bem.

Fotos D.R. e Emílio de Jesus