quarta-feira, 21 de agosto de 2013

João Telles a 24 horas da Corrida TV em Lisboa: "Vou fazer tudo por tudo para trazer outra vez o prémio!"

João Ribeiro Telles quando falava ao "Farpas"
Há um ano, triunfou e ganhou o troféu "Casa do Pessoal da RTP" (foto de baixo)
para a "melhor lide" na Corrida TV em Lisboa. "Amanhã, vou fazer tudo por tudo
para o trazer outra vez!"
, afirma João Telles



João Ribeiro Telles está hoje em San Clemente, Espanha, onde toureia ao fim da tarde. Amanhã vai estar no Campo Pequeno na Corrida TV para discutir com João Moura Caetano e também com o jovem João Maria Branco. Vive a sua melhor temporada de sempre e diz que isso se deve não apenas à quadra de cavalos perfeita que ele próprio preparou, mas também ao facto de estar "mais sólido, mais maduro" e de "as coisas estarem finalmente todas no lugar". Vai lutar para ser eleito Triunfador da Temporada, diz que "toureia como sente" e que isso "não é uma fuga à linha clássica" que caracteriza os cavaleiros da Torrinha. O Pai tem sido "o grande motor" da sua carreira. Há um ano, na Corrida TV, ganhou o prémio para a "melhor lide" e promete que amanhã vai "fazer tudo por tudo para o trazer outra vez". A 24 horas da grande noite no Campo Pequeno, João Telles falou ao "Farpas". Com a convicção, a serenidade, a tranquilidade e o charme com que enfrenta os toiros na arena, falou-nos da temporada que é "a da sua vida", da polémica que envolveu as "exclusivas" e dos seus próximos compromissos numa época em que não ultrapassará as quinze corridas em Portugal. Também da triunfal campanha que tem feito em arenas de Espanha. Vamos ouvir o "Ginja", alcunha que o tio Manuel lhe pôs ainda em pequeno e que até hoje ele não sabe por quê...

Entrevista de Miguel Alvarenga

- É este, finalmente, o teu ano, João?
- Penso que sim. É o ano mais sólido, tenho a quadra de cavalos perfeita, são todos cavalos postos e estreados por mim, as coisas têm corrido bem, os triunfos têm acontecido só em praças e em corridas importantes, por isso penso que este é, na verdade e finalmente, o meu ano, a minha melhor temporada. Tenho obtido bons êxitos em Espanha e em Portugal tenho triunfado nas corridas onde me apresento.
- Caminhas a passos largos para o trono de Triunfador da Temporada...
- Vou fazer tudo por isso! Faltam ainda algumas corridas de muita importância, casos da Corrida TV de amanhã no Campo Pequeno e da corrida de 12 de Setembro na Moita. A ver vamos se as coisas continuam a correr como até aqui!
- Perspectivas para a Corrida TV de amanhã no Campo Pequeno, onde te vais defrontar com outro dos grandes candidatos a Triunfador da Temporada, João Moura Caetano e também com João Maria Branco?
- O João Moura Caetano é outro toureiro que anda em alta, bem montado e bem moralizado, penso que vai ser um bom duelo, esperemos que os toiros nos ajudem. O João Maria Branco é um jovem que se vem afirmando e que também está num bom momento. É uma corrida importante, a corrida mais antiga do calendário taurino nacional, já a toureei no ano passado e tive a felicidade de ganhar o prémio e este ano vou fazer tudo por tudo para o trazer outra vez!
- És o mais revolucionário dos cavaleiros da Dinastia Ribeiro Telles. E porquê? Porquê a "fuga" àquela linha clássica que caracteriza os toureiros da Torrinha?
- Não é uma "fuga", faço o toureiro que sinto. Felizmente, esta temporada tenho conseguido triunfar e tourear como gosto e sinto o toureio. Às vezes isso não é possível, ou porque o toiro o não permite, ou porque as coisas não saem bem, mas este ano, graças a Deus, as coisas têm-me corrido bem e tenho conseguido fazer o meu toureio. O público tem gostado, como recentemente aconteceu em Alcochete e isso satisfaz-me. Não "fugi" à linha que caracteriza, por exemplo, o meu tio António e o meu primo Manuel. O meu toureio, o toureio que sinto e que levo dentro de mim, pode não ser muito clássico, mas é um toureio sério, um toureio de verdade e interpretado à minha maneira.
- De todos os filhos de toureiros que surgiram nos últimos anos, foste praticamente o único que não contou na arena com o apoio do Pai, uma vez que o teu se retirou precisamente quando apareceste. Isso foi bom ou foi mau, João?
- Eu acho que o meu Pai se retirou precisamente para me apoiar, para se dedicar a mim ao máximo. Deu-me e tem-me dado tudo, sem ele eu não era nada, o meu Pai tem sido o motor da minha carreira. Não foi fácil para mim afirmar-me, o nome era o mesmo, tinha que defender o nome do meu Pai e honrá-lo. E trabalho todos os dias para isso, para não o defraudar e para defender em praça o meu toureio e o meu nome. O meu Pai acompanha-me em todas as corridas e sente os meus triunfos como se fossem dele.
- Vem de onde a tua alcunha, "Ginja"?
- Vem do meu tio Manuel, que põe alcunhas a toda a gente. Nem sei por que fiquei "Ginja"... foi logo desde pequeno... e há pessoas que nem sabem o meu nome, que me tratam só por "Ginja"!
- Teres chegado neste momento onde chegaste teve a ver com o facto, como há pouco referiste, de teres finalmente uma quadra de cavalos sólida?
- Esta temporada faço cinco anos de alternativa. Não é só os cavalos, eu próprio estou mais sólido, mais toureado, com mais cabeça, mais maduro. Há já alguns anos que aconteciam triunfos, mas considero que este ano tenho, por fim, uma quadra de grande confiança e muito sólida e obviamente que isso tem ajudado. Está tudo mais sério, está finalmente tudo no sítio e eu estou moralizado como nunca, devido a tudo isso.
- A campanha em Espanha, tem corrido bem?
- Tem, apesar de as coisas estarem um pouco complicadas. Não é apenas nos toiros, a crise é geral e afecta, como não podia deixar de ser, o espectáculo tauromáquico. Mas tem havido uma boa aceitação do público e um grande entusiasmo pelas corridas de rejoneio (cavaleiros) e em termos gerais tenho que fazer um balanço positivo da campanha que tenho feito em Espanha. Tenho que lutar, tenho lá ainda muitas portas para abrir e vou continuar a fazer tudo por isso.
- O tema das "exclusivas", consideras que foi bom para os toureiros e para a Festa?
- Penso que sim. Ao princípio gerou para aí muita confusão e muita polémica. Fui um dos toureiros que assinou uma "exclusiva" com a empresa "Campo e Praça" e penso, sinceramente, que isso foi para para nós, toureiros e também para a Festa em geral. Acho que as coisas, de início, terão sido mal interpretadas. No meu caso pessoal, estou super-contente, foi óptimo, penso que os empresários estão também muito contentes comigo. Penso que as "exclusivas", ao contrário do que alguns pensavam, surgiram na altura certa. Eu não queria fazer muitas corridas, queria apenas tourear corridas importantes e em praças importantes, faço quinze, tenho praticamente todas feitas, faltam apenas algumas, mas está tudo apalavrado. Em suma, eu estou contente e os empresários António Manuel Barata Gomes e Albino Caçoete também.
- Para o ano haverá nova "exclusiva"?
- O contrato que fizemos foi para este ano. Depois se verá...
- Era preciso surgir uma parelha de cavaleiros que agitassem as hostes, estilo Núncio-Simão, Batista-Veiga e até como teu Pai e João Moura, que tantas vezes competiram e chegaram mesmo a actuar mano-a-mano. Quem pensas que podia ser um competidor ideal para ti?
- Há muitos novos aí a andarem bem. Toureei muito com o João Moura Jr., embora este ano ainda não tenhamos toureado juntos. O João Moura Caetano é outro companheiro que está moralizadíssimo e que tem uma grande quadra de cavalos. Para já, a parelha que elejo é com o Caetano, vamos já tourear juntos amanhã no Campo Pequeno e também com o João Maria Branco, que tem toureado menos, mas anda muito bem, penso que está a ser muito bem conduzido, muito bem levado. Mas, para já, a grande parelha que destaco é a minha com o Moura Caetano. Mas há muitos mais. Eu sou novo e mesmo assim já sou dos "mais velhos", muitas vezes sou eu a abrir o cartel, e isso é sinal, precisamente, de que têm aparecido muitos toureiros novos e alguns deles com valor.
- Para terminar, fala-me dos próximos desafios...
- São vários. Já amanhã é a Corrida TV em Lisboa, seguem-se outras corridas de muita impoortância, entre as quais a de reinauguração da praça de Estremos no dia 30 e a de Almeirim no dia 31, onde vou tourear com o meu tio António e com os Salgueiros pai e filho, depois a corrida da Moita com Salgueiro e Ventura. E há outras. Estou preparado e moralizado, espero que as coisas me continuem a correr como até aqui. Neste momento, tenho a cabeça na corrida de amanhã no Campo Pequeno!

Fotos Emílio de Jesus/Arquivo e Ana do Valle