sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Salvador foi "o mais sólido" ontem na última de Alcochete

Cortesias da última corrida da feira, ontem em Alcochete
Jacobo Botero deu ontem mais um importante passo em Alcochete

Miguel Alvarenga - Rui Salvador conseguiu, no contexto das duas actuações, ser o mais destacado triunfador da corrida nocturna que ontem encerrou a Feira de Alcochete, ciclo de que fica ainda para recordar a actuação magistral de João Telles e a heróica tarde do forcado Vasco Pinto na primeira corrida e ainda a facilidade e maestria com que Joaquim Bastinhas lidou dois complicados toiros de Partido de Resina na segunda.
Ontem, lidaram-se toiros de Condessa de Sobral (agora propriedade da Família Domecq), de excelente apresentação e bom jogo, salvo o primeiro, que coube a Moura e se adiantava barbaridades. Na generalidade, os toiros provocaram emoção e impuseram seriedade, como é timbre nas corridas promovidas pela empresa "Toiros & Tauromaquia".
João Moura não teve a vida facilitada no seu primeiro toiro, o tal que "corria pela frente" e se adiantava uma autêntica barbaridade. Resolveu a situação mercê da sua maestria, mas a lide não teve brilhantismo, porque não podia ter.
No seu segundo, o Maestro esteve "à Moura" e apesar da "frieza" do público (vá lá entender-se...) triunfou com uma actuação de muita técnica, perfeita.
Rui Salvador, para variar, pôs "a carne no assador" nos seus dois toiros, toiros sérios e que pediam contas, cravou ferros da sua marca e foi, repito, no conjunto das duas lides, o mais "sólido" e o maior triunfador da noite, reafirmando a garra e o valor que fazem dele, há quase 30 anos, um dos primeiros da nossa tauromaquia.
João Maria Branco chegou ontem a Alcochete "picado" e decidido a mostrar que não vai ficar pelo caminho. Ou ia ou rachava, como ontem escrevi. Foi. Ainda bem. Esperou o seu primeiro toiro à porta dos curros, sem bandarilheiros na praça e esteve correcto nos compridos, emocionando depois nos curtos com ferros de muita verdade, brega perfeita e remates a condizer. Foi uma lide de afirmação - a afirmação de que estava a precisar.
O seu segundo toiro foi de pior nota, mesmo assim Branco esteve de novo decidido e valente, sereno e tranquilo, sobretudo nos curtos e em brilhantes ladeios com o cavalo de ferro Lima Duarte.
O jovem colombiano Jacobo Botero lidou o quarto toiro da corrida e pôs a praça em alvoroço. É, de facto, um caso - e vai ser mesmo um caso muito sério. Perfeito na escolha de terrenos, na brega e nas entradas destemidas ao piton contrário. Tem valor de sobra, ganas de leão, está a revelar-se um toureiro dos pés à cabeça. Sábado vai estar em Coruche. E já há aficionados que o seguem - o que prova o interesse que está a despertar nesta primeira temporada de altos compromissos.
As pegas não tiveram dificuldade de maior. Estiveram bem os Amadores de Santarém, com destaque para as caras do cabo Diogo Sepúlveda e de António Grave de Jesus (que brindou ao Maestro José Lupi). Boa actuação também dos Amadores do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, com realce para o valente Diogo Amaro, a dobrar com decisão um companheiro que não conseguiu concretizar a sorte em três tentativas.
Dirigiu com a usual competência Pedro Reinhardt. A praça de Alcochete registou ontem uma entrada de meia casa e a corrida decorreu em ritmo agradável e sem demoras. Na brega, destacaram-se João Ganhão, Hugo Silva, o praticante Sérgio Silva, Ricardo RaimundoGonçalo Simões e Gonçalo Montoya, este último protagonizando um momento de muita emoção na praça quando entrou pelos curros dentro na altura em que procurava recolher o último toiro com o capote. Safou-se por sorte...

Ainda hoje, não perca aqui a reportagem fotográfica desta corrida - de Henrique de Carvalho Dias.

Fotos M. Alvarenga e D.R./@Jacobo Botero Nieto