Um aspecto da concorrida assistência ontem na reunião da Prótoiro em Alcochete |
Miguel Alvarenga - A reunião magna da
Federação Prótoiro, ontem em Alcochete - a que Hugo Teixeira baptizou como o
"Tratado de Alcochete" - teve a particularidade de reunir o consenso
de todos os intervenientes, dirigentes e associados das associações mais
representativas da classe (toureiros, forcados, empresários e ganadeiros) e não
registou quaisquer manifestações ou opiniões contrárias às decisões que ali
foram tomadas. "Houve união completa de todos", informou-nos um dos
participantes no conclave, que não esteve aberto aos jornalistas.
O primeiro e principal objectivo da
reunião foi, segundo a mesma fonte, "acabar de vez com os
caloteiros". Explicamos: a partir de agora, quem deve dinheiro ao Fundo de
Assistência dos Toureiros, uma obra notável criada há sessenta anos por Diamantino
Vizeu e nem sempre correspondida pelos profissionais das arenas, terá que o
pagar. O Fundo é a "Segurança Social", melhor em muitos aspectos, dos
toureiros - há que respeitá-lo, independentemente de se poder (legalmente)
discordar da "obgritoriedade" (anti-constitucional, ainda por cima)
de se pertencer ao Sindicato dos Toureiros - que continuará sempre a sê-lo,
pese embora ter mudado de nome e se chamar agora Associação Nacional dos
Toureiros. Ninguém é obrigado, por lei, a ser sindicalizado. Mas moralmente estão todos obrigados
a contribuir para o Fundo de Assistência - contra factos, não existem
argumentos.
A partir de agora, ficou ontem decidido
por todos e sem quaisquer tipo de objecções, não ooderão realizar-se
espectáculos tauromáquicos se dez dias antes não estiver regularizada,
monetariamente, a questão com o Fundo de Assistência, isto é, se empresas e
toureiros não tiverem liquidado a verba que está acordada, por espectáculo, ser
devida ao Fundo de Assistência. Decidiu-se que a responsabilidade do pagamento
fica a cargo das empresas - que depois, na hora de pagar aos toureiros, acertam
com eles contas, ou seja, descontam a contribuição devida ao Fundo de
Assistência. Todos concordaram - empresários e toureiros.
Foi também traçado e apresentado - e
aprovado - um plano de pagamento para todos aqueles que têm dívidas (e não são
poucos) para com o Fundo de Assistência. E também aqui todos concordaram.
O segundo ponto, apesar de mais
subjectivo e discutível (para alguns), disse respeito à necessidade de todos
darem também, por espectáculo, um contributo significativo para a Federação
Prótoiro. É óbvio e é legítimo que se pague a quem trabalha. A Prótoiro, que nos seus inícios teve uma atitude quase nula e foi alvo de muitas críticas, tem
feito (eu sei) um trabalho notável em defesa da Festa Brava, nomeadamente junto
do Governo, trabalho esse que tem constituído uma defesa, bem traçada e superiormente
delineada, da arte e da cultura tauromáquica face às investidas - bem
engendradas - dos lobbies anti-taurinos. A Prótoiro tem uma Comissão Executiva,
composta por dois elementos válidos, que têm que se pagos para desempenhar
funções. A Prótoiro necessita de um fundo de maneio para desenvolver as suas
actividades - e todos os representantes da classe concordaram ontem com isso e,
sobretudo, com o facto de delegar na Federação a sua defesa e a sua
representação. Todos de acordo, uma vez mais.
O acordo e as decisões de ontem em
Alcochete constituem um marco histórico. Há que cumpri-lo agora à risca. Para trás, ficou o tempo em que a
Prótoiro apenas vendia t-shirt's (e sem recibo...) à porta do Campo Pequeno.
Agora é preciso que todos estejam de facto unidos - e que esta união não sejam
apenas, como até aqui foi, fachada. É preciso, sobretudo, que os homens dos
toiros não continuem uns contra os outros, não continuem a atropelar-se - e não
continuem a enganar-se.
Todos nunca seremos demais para defender
e engrandecer a Tauromaquia!
Fotos D.R. e cortesia Federação Prótoiro