sexta-feira, 14 de março de 2014

Prótoiro: nos bastidores da reunião de ontem

Um aspecto da concorrida assistência ontem na reunião da Prótoiro em Alcochete


Miguel Alvarenga - A reunião magna da Federação Prótoiro, ontem em Alcochete - a que Hugo Teixeira baptizou como o "Tratado de Alcochete" - teve a particularidade de reunir o consenso de todos os intervenientes, dirigentes e associados das associações mais representativas da classe (toureiros, forcados, empresários e ganadeiros) e não registou quaisquer manifestações ou opiniões contrárias às decisões que ali foram tomadas. "Houve união completa de todos", informou-nos um dos participantes no conclave, que não esteve aberto aos jornalistas.
O primeiro e principal objectivo da reunião foi, segundo a mesma fonte, "acabar de vez com os caloteiros". Explicamos: a partir de agora, quem deve dinheiro ao Fundo de Assistência dos Toureiros, uma obra notável criada há sessenta anos por Diamantino Vizeu e nem sempre correspondida pelos profissionais das arenas, terá que o pagar. O Fundo é a "Segurança Social", melhor em muitos aspectos, dos toureiros - há que respeitá-lo, independentemente de se poder (legalmente) discordar da "obgritoriedade" (anti-constitucional, ainda por cima) de se pertencer ao Sindicato dos Toureiros - que continuará sempre a sê-lo, pese embora ter mudado de nome e se chamar agora Associação Nacional dos Toureiros. Ninguém é obrigado, por lei, a ser sindicalizado. Mas moralmente estão todos obrigados a contribuir para o Fundo de Assistência - contra factos, não existem argumentos.
A partir de agora, ficou ontem decidido por todos e sem quaisquer tipo de objecções, não ooderão realizar-se espectáculos tauromáquicos se dez dias antes não estiver regularizada, monetariamente, a questão com o Fundo de Assistência, isto é, se empresas e toureiros não tiverem liquidado a verba que está acordada, por espectáculo, ser devida ao Fundo de Assistência. Decidiu-se que a responsabilidade do pagamento fica a cargo das empresas - que depois, na hora de pagar aos toureiros, acertam com eles contas, ou seja, descontam a contribuição devida ao Fundo de Assistência. Todos concordaram - empresários e toureiros.
Foi também traçado e apresentado - e aprovado - um plano de pagamento para todos aqueles que têm dívidas (e não são poucos) para com o Fundo de Assistência. E também aqui todos concordaram.
O segundo ponto, apesar de mais subjectivo e discutível (para alguns), disse respeito à necessidade de todos darem também, por espectáculo, um contributo significativo para a Federação Prótoiro. É óbvio e é legítimo que se pague a quem trabalha. A Prótoiro, que nos seus inícios teve uma atitude quase nula e foi alvo de muitas críticas, tem feito (eu sei) um trabalho notável em defesa da Festa Brava, nomeadamente junto do Governo, trabalho esse que tem constituído uma defesa, bem traçada e superiormente delineada, da arte e da cultura tauromáquica face às investidas - bem engendradas - dos lobbies anti-taurinos. A Prótoiro tem uma Comissão Executiva, composta por dois elementos válidos, que têm que se pagos para desempenhar funções. A Prótoiro necessita de um fundo de maneio para desenvolver as suas actividades - e todos os representantes da classe concordaram ontem com isso e, sobretudo, com o facto de delegar na Federação a sua defesa e a sua representação. Todos de acordo, uma vez mais.
O acordo e as decisões de ontem em Alcochete constituem um marco histórico. Há que cumpri-lo agora à risca. Para trás, ficou o tempo em que a Prótoiro apenas vendia t-shirt's (e sem recibo...) à porta do Campo Pequeno. Agora é preciso que todos estejam de facto unidos - e que esta união não sejam apenas, como até aqui foi, fachada. É preciso, sobretudo, que os homens dos toiros não continuem uns contra os outros, não continuem a atropelar-se - e não continuem a enganar-se.
Todos nunca seremos demais para defender e engrandecer a Tauromaquia!

Fotos D.R. e cortesia Federação Prótoiro