sexta-feira, 25 de julho de 2014

"Estamos aqui!": núcleo duro dos directores de corrida ontem alerta no Campo Pequeno

O núcleo duro da direcção de corridas ontem, depois da corrida, ladeando
Manuel Gama. Da esquerda para a direita: Luis da Cruz, Rogério Jóia, Agostinho
Borges, Lourenço Luzio, Manuel Gama, Francisco Calado, Pedro Reinhardt e Carlos
Santana (o médico veterinário que ontem assessorou Gama)
Da esquerda para a direita: Margaria Câmara Pereira (namorada de Manuel Gama),
Francisco Calado (atrás), Manuel Gama, Lourenço Luzio, Pedro Reinhardt, Lurdes
Espadinha e Rogério Jóia, Agostinho Borges e os médicos veterinários, também
delegados da IGAC e membros da Associação de Directores de Corrida, Drs. José
Guerra e Luis da Cruz
Os directores de corrida assistiram, discretamente, numa última fila do Sector 1
João Ventura (pai de Diego), o apoderado espanhol Jorge Matilla e o representante
português Rafael Vilhais. Ontem nem foram ao sorteio. Reinou a calmaria nas hostes

Superiormente aconselhado (e bem), João Ventura, o pai de Diego Ventura manteve desta vez uma postura discreta e na rectaguarda. Não foi ao sorteio, não se envolveu em nada e a verdade é que ontem tudo correu às mil maravilhas e sem a repetição - que alguns receavam - das tristes cenas que envolveram o sorteio na corrida anterior de Ventura em Lisboa e motivaram depois um duríssimo comunicado da Associação Tauromáquica dos Directores de Corrida (ATDC) com acusações ao pai do toureiro e ao próprio rejoneador.
Também o apoderado de Ventura, Jorge Matilla e o representante português Rafael Vilhais primaram ontem pela ausência durante o sorteio dos toiros, acto a que apenas compareceu o próprio Diego e os seus bandarilheiros Mário Figueiredo e Paco Cartagena, adoptando os três uma postura "correctíssima e sem levantar quaisquer problemas".
Também o director de corrida Manuel Gama marcou ontem a diferença, depois da direcção mais ou menos atribulada do "radical" Pedro Reinhardt na corrida anterior de Ventura e que por pouco não originava uma autêntica "revolta" na praça. Ao contrário, Manuel Gama foi ontem no Campo Pequeno um director sensato, rigoroso, aficionado e não "fundamentalista". Deu música quando tinha que dar - e quando o público a pedia -, concedeu mais ferros quando considerou que os toiros ainda "podiam" e porque o público - que é quem paga o bilhete e, portanto, "quem mais ordena" - o solicitava (a Ventura autorizou, no seu segundo, que cravasse mais três).
Manuel Gama teve, sobretudo, serenidade e sensibilidade, sentiu a festa que se vivia e soube, como ninguém, calibrar os desejos do público. Não houve um único protesto à sua brilhante e calmíssima actuação. E o próprio Ventura protagonizou ontem, ao contrário de situações anteriores, uma postura super-educada e até de (louvável) humildade perante o director de corrida que, para todos os efeitos, é sempre a autoridade máxima em praça.
De qualquer forma, a corrida de ontem era uma corrida de "alto risco", tendo em conta os incidentes que maracaram, durante e depois, a corrida anterior de Ventura em Lisboa. Por isso e, tal como estava programado e o "Farpas" noticiara, a Associação Tauromáquica de Directores de Corrida marcou presença ontem, em peso, na praça do Campo Pequeno. Na última fila do Sector 1 esteve o núcleo duro dos directores de corrida, composto por Rogério Jóia, Agostinho Borges, Lourenço Luzio, Francisco Calado e Pedro Reinhardt, além dos médicos veterinários Dr. José Guerra e Dr. Luis da Cruz (que integram igualmente a Associação de Directores de Corrida).
Antes da corrida, o grupo de directores de corrida já dera nas vistas aos muitos aficionados que, como eles, também jantavam no restaurante "Apeadeiro", na Rua de Entrecampos.
"Foi uma manifestação de unidade, de solidariedade e de força, que ontem era preciso ter acontecido, face aos acontecimentos ocorridos na anterior presença de Diego Ventura no Campo Pequeno. Mas felizmente não passou disso mesmo porque ontem tudo aconteceu dentro da normalidade e sem quaisquer incidentes. Para isso contribuiu o bom senso e a excelente direcção de Manuel Gama, mas também a vontade com que Diego Ventura manifestou a intenção de fazer as pazes com o público português e, também, com a própria Associação Tauromáquica de Directores de Corrida", disseram os directores ao "Farpas".
Tudo bem quando acaba em bem. Valeu a pena a trapalhada da outra corrida?...

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com