domingo, 29 de maio de 2016

Madrid: quando triunfar quer dizer (sobretudo) matar...

Portugal marcou presença ontem na Monumental de Madrid
Moura e Fernandes ontem em Las Ventas
Trinidad López Pastor, o presidente da corrida de ontem em Madrid, que negou
escandalosamente uma orelha a Rui Fernandes e a seguir deu duas de mão
beijada
ao espanhol Sérgio Galán...
Portugueses honraram em Madrid o toureio equestre
nacional, mas ali o que mais importa é matar bem...
Decisão, querer, atitude: Rui Fernandes foi buscar o primeiro toiro à porta dos
curros (fotos de cima) e recebeu o segundo com uma emotiva sorte de gaiola
Rui Fernandes impôs-se e à verdade e emoção do seu
bom toureio. Mas em Madrid isso não importa, o que
importa é que se mate bem os toiros... e por isso...
O Maestro Moura ontem em Madrid com seu filho
A arte mourista pairou ontem em Las Ventas. João Moura Júnior triunfou
a tourear, falhou a matar
Velocidade, cavalos atravessados, ferros aliviados... mesmo assim, rojões
certeiros abriram ontem a porta grande a Sérgio Galán... 


Miguel AlvarengaRui Fernandes e João Moura Júnior honraram ontem a verdade do toureio equestre português na primeira e mais importante praça de toiros do mundo, a Monumental de las Ventas - em Madrid.
A verdade é que as lides do rejoneador espanhol Sérgio Galán, mais aliviadas, com maior velocidade e muitas vezes com os cavalos atravessados no momento da sorte, acabaram por vencer os portugueses pelo excelente uso do rojão de morte. Uma orelha no primeiro toiro e outra no segundo valeram a Galán, na sua segunda presença na Isidrada (por quê duas tardes, justifica-se?...) a sua sétima porta grande em Madrid (foto ao lado), deixando também a confirmação de que, pelo menos no que às corridas de rejoneio diz respeito, o importante não é tourear, nem sequer estar - é apenas, e só, matar...
Rui Fernandes foi escandalosamente roubado (é o termo, doa a quem doer) pelo presidente da corrida, senhor Trinidad López Pastor, no final da sua primeira actuação, em que o público pediu insistentemente a orelha, sem que este a concedesse, apesar do brilhantismo da lide do cavaleiro luso e até do rojão certeiro. A seguir e só porque o espanhol matou bem, foi com a maior das facilidades que exibiu o lenço branco, concedendo-lhe a orelha... e depois, outra, abrindo-lhe a porta grande. Mérito discutível. Porta grande meio duvidosa. Enfim...
Rui Fernandes foi a Madrid com decisão, com atitude, a querer marcar a diferença. Toureou muito bem. Foi buscar o primeiro toiro à porta dos curros e recebeu o segundo com uma sorte emotiva à porta da gaiola, assim como quem diz "venho aqui para marcar". E marcou. Perdeu a primeira orelha porque o presidente lha roubou, a segunda porque o rojão não acertou. Mas tourear e triunfar não deveria ser só matar. Em Espanha, é. E assim...
João Moura Júnior toureou muitíssimo bem os seus dois toiros. A segunda lide foi desmotivante, chovia e o público, que ontem já de si era pouco (meia casa), desandara das bancadas para ir ver a grande partida de futebol entre os dois grandes de Madrid. Moura esteve "à Moura", com a raça e com a arte que fazem dele um caso, mas não podia ter obtido orelhas porque nas duas vezes não esteve feliz a matar. Triunfou, sim. Mas ficou aquém dos troféus e ainda não foi desta que alcançou a sua segunda porta grande em Las Ventas.
Serviram e deixaram-se tourear os toiros de Benítez Cubero e o de Pallarés que Galán lidou em quinto lugar.
Se para se triunfar em Madrid não se exigisse, primeiro que tudo, matar bem, a porta grande ter-se-ia ontem aberto para Fernandes e para Moura. Essa é que é essa...

Fotos Ricardo Relvas/elredondeltaurino Juan Pelegrín/las-ventas.com e Javier Arroyo/aplausos.es