quarta-feira, 9 de agosto de 2017

A tarde de glória dos Forcados do Ramo Grande na Monumental da Ilha Terceira

Amadores do Ramo Grande consagram-se como um dos grandes Grupos de
Forcados do momento!
Filipe Pires deu aplaudida volta à praça seguido por todos os forcados do grupo
que fundou e comandou ao longo de dez anos e, no final, ficou sózinho no centro
da arena, com o público de pé a tributar-lhe grande e sentida homenagem
O momento emotivo da passagem de testemunho de Filipe Pires a seu primo
Manuel Pires, novo cabo do grupo após dez anos de liderança do cabo fundador
Antigos e actuais elementos fardaram-se na 2ª feira para participar na corrida
comemorativa do 10º aniversário dos Forcados do Ramo Grande
Ao início da corrida, Filipe Pires foi homenageado na arena pelo Executivo da
Câmara Municipal da Praia da Vitória, que o distinguiu com a Medalha de Mérito
Cultural em reconhecimento pelo seu brilhante labor ao longo de dez anos à
frente do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande
Luis Valadão pegou à segunda o primeiro toiro de António Silva, dando aplaudida
volta à arena com Luis Rouxinol
A segunda pega, à primeira, executada com brilhantismo e excelente técnica por
Daniel Brasil (aqui, dando a volta com Tiago Pamplona), resultou emotiva pelo
facto de o toiro, no momento da reunião, ter feito o pino, rodando sobre o forcado,
que nunca saíu da cara
Carlos Silva foi autor da terceira pega, ao segundo intento, depois de sofrer um
violento derrote na primeira tentativa. Deu volta com João Moura Jr. Bem a rabejar
esteve o novo cabo Manuel Pires, um forcado multifacetado e completo!
O veterano Alex Rocha pegou brilhantemente o quarto toiro ao primeiro intento,
estando muito bem a recuar, templando e mandando na investida e fechando-se
depois com braçlos de ferro, muito bem ajudado pelo grupo. Aqui, dando a volta
à arena com Luis Rouxinol
A grande pega do novo cabo Manuel Pires, que já na corrida anteiror, na 6ª feira,
fora o triunfador da noite vencendo merecidamente o prémio para a melhor pega.
Brindou esta pega ao cabo fundador que nesta tarde se despediu das arenas,
passando-lhe o testemunho
Na tarde da sua despedida, Filipe Pires, cabo fundador do grupo, saíu lesionado
quando dava ajudas ao novo cabo Manuel Pires no quinto toiro da corrida. Foi
violentamente colhido contra as tábuas, mas felizmente não sofreu nada de grave


Miguel Alvarenga - O Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande, segundo grupo existente na Ilha Terceira, este representando a Praia da Vitória, comemorou com uma actuação a todos os títulos memorável e com uma tremenda dignidade, os seus 10 anos de existência na corrida que segunda-feira se celebrou, com praça cheia, na Monumental de Angra do Heroísmo e que foi a segunda das Festas da Praia.
Já na primeira corrida, na noite de sexta-feira, o novo cabo do grupo, Manuel Pires, fizeram uma pega "do outro mundo", ganhando muito merecidamente o troféu que premiava a melhor pega da noite, em jornada de muita competição com os grupos continentais de S. Manços e de Arronches, que tiveram igualmente momentos de grande triunfo com pegas brilhantes, honrando as respectivas jaquetas e a forcadagem alentejana - como oportunamente aqui referimos.
Na segunda-feira o dia era de festa para os Forcados do Ramo Grande e para a Tauromaquia Terceirense. O grupo não só comemorava o seu 10º aniversário como mudava de cabo, despedindo-se Filipe Pires, cabo fundador e entrando em funções seu primo Manuel Pires, um dos grandes forcados do momento.
Homenageado ao início da corrida pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, que o distinguiu com a Medalha de Mérito Cultural, Filipe Pires teve depois durante toda a corrida o carinho e o respeito do público e dos seus forcados, assim como dos três cavaleiros em praça, Luis Rouxinol, Tiago Pamplona e João Moura Júnior, que lhe dedicaram as suas lides, bem como ao novo cabo Manuel Pires.
Interviu, dando ajudas, na quinta pega da corrida, a do seu sucessor, acabando por se ferir ao ser colhido e projectado contra as tábuas, mas felizmente sem gravidade. Foi depois ao centro da arena e despiu a jaqueta que souve honrar e elevar com brio e dignidade ao longo de uma década, entregando-a a Manuel Pires, que a partir de agora assume o comando do grupo. Em ambiente de enorme emoção, Filipe Pires deu depois uma volta à arena acompanhado de todos os elementos do grupo e sózinho ficou no centro da praça, com o público todo de pé a aplaudi-lo, lágrimas nos olhos, em reconhecimento pelo brilhante desempenho de que foi protagonista durante os últimos dez anos.
O trabalho de Filipe Pires sentiu-se ao longo das seis grandes pegas dos Amadores do Ramo Grande, hoje um dos grandes grupos do país, não tenho a menor dúvida em afirmá-lo. E a ele se deve esse destacado estatudo de que o grupo se pode hoje orgulhar de ter atingido.
Mais: é de inteira justiça louvar o facto de o grupo ter eleito para a corrida comemorativa dos seus 10 anos um curro imponente de uma ganadaria dura e séria, a continental dos Herdeiros do Dr. António Silva, de Coruche, toiros de verdade, exigentes e a espalhar emoção, toiros dos que pedem contas a toureiros e a forcados e com os quais os Amadores do Ramo Grande tiveram uma digna e triunfal actuação. Bastará dizer que a corrida foi de um sucesso enorme e que terminou com todos os artistas, cavaleiros e o grupo de forcados, na arena, bem como a jovem representante da ganadaria, Sofia Silva Fava, com o público a aplaudir entusiasmado aquela que foi uma das tardes de maior apoteose dos últimos anos na Monumental de Angra do Heroísmo. Há muitos anos, comentava-se à saída da praça, que não se via um curro de toiros tão sério como este na Ilha Terceira!
Os forcados de cara foram, como já aqui referimos, Luis Valadão (que executou a pega ao segundo intento, depois de um forte derrote na primeira tentativa), Daniel Brasil (numa emotiva e tecnicamente perfeira pega à primeira, em que o toiro fez o pino, rodando o forcado, sem que este saísse da cara), Carlos Silva (à segunda), o veterano Alex Rocha (com uma pega brilhante, em que recuou templando a investida, fechando-se com braços de ferro, com o grupo a ajudar coeso e bem), o novo cabo Manuel Pires (que voltou a fazer um pegão!) e César Pires (também numa valente e bem executada pega ao primeiro intento, a única de que não temos imagens).
Destaque para o impressionante silêncio do público no momento das pegas. Se cair um alfinete na arena ouve-se. Chama-se a isso o culto e o respeito pelo Forcado Amador. Em poucas praças assisti a um silêncio assim. De arrepiar.
Tarde brilhante e de plena consagração para os Forcados Amadores do Ramo Grande - que no próximo fim-de-semana pegam na Feira da Graciosa e a 9 de Setembro actuam na corrida concurso de ganadarias na praça da Nazaré. E já que vêm por essa altura ao continente, deixo a sugestão à empresa do Campo Pequeno: depois deste memorável triunfo e de estarem nesta temporada a comemorar o seu 10º aniversário, impunha-se que viessem a Lisboa, onde há uma corrida no dia 7. Fazia todo o sentido. E o grupo merece!

Fotos António Valinho, Paulo Gil e M. Alvarenga