segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Presidente da APET reage a acusações de José Luis Gomes a empresários taurinos "que não pagam honorários a forcados"




Numa polémica entrevista a Hugo Calado no site toureio.pt, Paulo Pessoa de Carvalho (à esquerda, na foto de cima), presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos (APET), reage a acusações feitas por José Luis Gomes (à direita, na mesma foto de cima), também empresário e vice-presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados, a empresários taurinos que presumivelmente "não pagam honorários aos forcados".
Estas declarações de José Luis Gomes foram feitas no sábado à Lusa a propósito da morte do forcado Fernando Quintella (na foto ao lado, na noite em que sofreu a fatal colhida, sexta-feira na Moita). Além da acusação a empresários, José Luis Gomes exigiu "mais respeito pelos forcados" e "melhores condições nas enfermarias das praças de toiros".
Na entrevista ao site toureio.pt, Pessoa de Carvalho afirma:
"A APET não tem como reagir a este assunto, o Senhor José Luis Gomes é maior e responsável pelas suas afirmações, não consideramos as mesmas com gravidade ou como fraturantes após as analisarmos, entendemos como já disse, que sem haver queixosos nada mais passa do que boatos e a APET aproveita para informar que se existirem de qualquer dos lados queixas que possam ser consubstanciadas, que nos apresentem para que possamos tentar actuar e corrigir alguma coisa".
E acrescenta:
"Interpreto-as (as declarações de José Luis Gomes)como um desabafo a quente, está dito, está escrito e entendo-o. No entanto e aqui quero referir o tema, sabe-se que existem situações que não abonam empresários nem grupos de forcados, sobre algumas contratações feitas. 'Não há corrupção se não existirem corruptos', esta frase serve para perceber que situações que possam existir mesmo que sejam provocadas ou sugeridas por uma das partes, para se concretizarem terão que ter a anuência da outra, isto é, quem se põe a jeito corre o risco de se embrulhar em situações menos claras. Não considero esta afirmação como genérica, nem tão pouco me sinto atingido ou sinto que a APET se possa sentir, pois só 'enfia a carapuça' quem quer. Quando acontecem desgraças destas dimensões e gravidade, é normal que sejam de novo tema de reflexão assuntos polémicos  que há muito tempo se falam".
E sobre a exigência de melhores condições nas enfermaria, diz o presidente da APET:
"As enfermarias das praças de toiros que existem em Portugal, salvo raras exceções, têm equipamentos antigos, como tal as suas condições são relativas. Mas importa referir que houve uma enorme evolução do assunto e sobre aquilo que uma enfermaria de uma praça de toiros pode ter e pode fazer, diria que em quase todas as praças as condições mínimas estão reunidas, tendo em conta as condições anteriores. Por isso e uma vez mais, não sei o que o Senhor José Luis Gomes gostaria exactamente que existisse nas praças, presumo que será o mesmo que eu, qualquer coisa como um hospital, mas isso sabemos que não é nem será possível. As enfermarias nunca terão as condições que se desejariam pelas razões expostas. O que se precisa é de estruturas móveis com condições de estabilização de um acidente grave disponíveis e isso nem mais de metade dos centros de saúde em Portugal o têm! Existem acidentes que infelizmente não há prevenção que lhes valha...".
E, questionado sobre se melhores condições de assistência nas praças poderiam ter evitado as duas recentes mortes de forcados, diz Paulo Pessoa de Carvalho:
"Infelizmente os acidentes que aconteceram, não era uma enfermaria por melhor que fosse que iria salvar uma vida. Lamentável estas mortes que a todos nos marcaram, mas quis o destino que as colhidas tivessem tido consequências para as quais a medicina e a capacidade de intervenção humana, não está preparada para uma resposta como gostaríamos".

Fotos Maria Mil-Homens