segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Rui Bento numa grande entrevista à revista "Aplausos": "O Campo Pequeno deveria servir de exemplo em Espanha!"



"A obra de reestruturação do Campo Pequeno que foi feita é extraordinária, fantástica. Uma praça cujos tijolos estavam a cair,  foi reconstruída e convertida numa jóia, parece um teatro, mas àparte há um parque de estacionamento para 1.250 automóveis, oitenta lojas, oito salas de cinema e restaurantes para todas as bolsas. Falamos de um aproveitamente integral do edifício, que era o que corresponderia fazer à grande maioria das praças de Espanha que estão no centro das cidades", afirma Rui Bento, gestor taurino da primeira praça do país (na foto ao lado, com a dinâmica e empreendedora administradora, Drª Paula Mattamouros Resende), numa grande entrevista à revista espanhola "Aplausos" desta semana.
"A praça de toiros de Lisboa deve ser uma referência para todas as praças localizadas em sítios estratégicos. Não deviam servir para unicamente dar corridas de toiros, mas sim, também, para realizar concertos, eventos privados... toda uma variedade de actividades que, ao mesmo tempo, aproximam o cidadão não taurino ao local onde se realizam os festejos taurinos, logrando familiarizá-los com a Festa, demonstrando-lhes que não são cenários de crueldade e de maus tratos", acrescenta o antigo matador de toiros.
E face às obras de remodelação que se aproximam na Monumental de las Ventas, diz Rui Bento: "Madrid deveria ser a chave, Las Ventas tem todas as condições para que se faça o uso integral do edifício ao longo de todo o ano. No Campo Pequeno, terminámos a temporada taurina, mas agora chegou o Mercado dos Vinhos, o Mercado Gourmet, concertos, eventos privados... A espaços como estes, que são únicos, há que sacar-lhes a máxima produtividade".
Nesta grande entrevista a Ángel Berlanga, o director de Actividades Tauromáquicas da praça de toiros do Campo Pequeno passa em revista a temporada da comemoração dos 125 anos da praça, considerando que "foi marcante". Recorda as lotações esgotadas nas corridas de inauguração da época, da celebração do 125º aniversário e na Gala à Antiga Portuguesa que em Outubro encerrou o Abono, destacando as transmissões televisivas destas duas últimas, uma pela TVI e a outra pela RTP e ainda a presença de "mais de vinte deputados da Assembleia da República" na última corrida do ano, além de muitas figuras da vida social e artística que ao longo da temporada passaram pelo Campo Pequeno.
Rui Bento admite que "em três ou quatro festejos não se cumpriram as expectativas de presença de público", destaca o grande triunfo de Manzanares na noite em que actuou "mano-a-mano" com Pablo Hermoso, as passagens por Lisboa de figuras mundiais do toureio a pé como "El Fandi", António Ferrera, Juan José Padilla, Roca Rey e Juan del Álamo, os êxitos alcançados pela esmagadora maioria dos cavaleiros, primeiras figuras, que estiveram no Camp Pequeno, os triunfos de toureiros novos como o novilheiro Diogo Peseiro e a cavaleira Soraia Costa e, "tirando alguma corrida que não funcionou", realça o "rendimento notável" dado com a presença das principais ganadarias nacionais, destacando as de Murteira Grave, Passanha, Ribeiro Telles, Varela Crujo, Falé Filipe, Vinhas e outras, bem como a espanhola de García Jiménez, de que foi lidado "um toiro soberbo" por Manzanares.
A temporada lisboeta foi este composta por doze  festejos - onze corridas e uma novilhada - e Rui Bento considera que no próximo ano poderá realizar-se o mesmo número de espectáculos, todavia "mais intercalados". Explica: "Não é bom dar oito ou nove festejos contínuos, todas as quintas-feiras. É preferível intercalá-los, dar o mesmo número, mas melhor distribuídos ao longo da temporada. Nos meses de Julho e Agosto seria melhor dá-los de quinze em quinze dias e, em contrapartida, oferecer algum festejo mais em Abril ou Maio e algum mais também em Setembro ou Outubro".
"Uma empresa deve estar sempre pendente das mudanças que pede o público. A sociedade transformou-se de uma forma extraordinária e nós, taurinos, ficámos estancados. Temos que nos adaptar à evolução e às circunstâncias que cada momento obriga. A praça, há trinta ou quarenta anos, era de uma forma e hoje é de outra, e os gostos e necessidades de quem passa pela bilheteira também mudarem em todo este tempo. Não devemos permanecer alheados deles", conclui Rui Bento.

Fotos aplausos.es e Maria Mil-Homens